Projeto Mães e Filhos
Projeto Mães e Filhos

“Tenho vergonha de pertencer a um país assim, onde bater em velhinhos é crime, maltratar animais de estimação dá cadeia, mas a maioria da população acha normal e correto bater em seus filhos, e é CONTRA ter seu "direito de bater nos filhos" negado pelo Estado. O mesmo país que, de forma parecida, precisou de uma lei para explicar aos maridos que não podem bater em suas mulheres, agora protesta pelo direito de bater em seus filhos. Vergonha, vergonha, vergonha.” Suzana Herculano-Houzel

Um pouco de reflexão Deixe a criança crescer! A vida não nos dá respostas prontas. E são muitas as perguntas, as questões que ela todo dia nos apresenta. Na busca por essas respostas muitas vezes encontramos quem somos e porque somos. Entender quem somos não é tarefa fácil, porque nos formamos principalmente das experiências do passado. O adulto que somos hoje é a criança que ontem fomos e que, por muitas razões, pode encontrar-se ainda adormecida dentro de nós. Ora, uma criança dormida eternamente não cresce, não aprende, não vive. É necessário deixar a criança crescer, ela não pode diminuir-se dentro de um adulto, pois a criança nele encolhida dificultará também o crescimento desse adulto, esmagá-lo-á, chutar-lhe-á o ventre e o coração e nunca o deixará viver plenamente. Há muitos adultos que não cresceram, que não conseguem desprender-se da criança que está dentro deles, que não conseguem andar com os próprios passos, que usam as mãos dos outros para tentarem tecer a própria vida. É vão acharmos que podemos andar com os pés de outrem. “Cada pessoa é um ser único”, a cada dia tão livre que já não pode andar de mãos dadas. História única, coração único para amar ou odiar. Portanto esse adulto nunca conseguirá construir a sua vida usando das mãos alheias. Ele encontrará sempre estradas nas quais terá que caminhar sozinho, pontes tão estreitas que não poderá atravessar em companhia de alguém, barreiras tão suas que terá que romper só. Deixar a criança crescer implica em educar. Educar não é tarefa fácil. Um adulto que não sabe andar sozinho hoje tem dentro dele a criança de ontem a quem não se ensinou seus limites ou a quem não se permitiu andar, correr, provar o gosto da vida, experimentar os vários sabores dos sentimentos. Isso acontece porque na ânsia por educar bem, por fazer o filho ser “alguém na vida”, muitos pais perdem-se na educação destes, negando-lhes o direito/dever de conhecer seus limites ou impondo-lhes regras severas, castigando-lhes o corpo e até a alma. O castigo corporal não marca apenas o corpo físico, ele embaraça o ser interior, por vezes tão frágil e tão terno, destrói, mata, constitui-se, portanto, um agravo à dignidade humana. No entanto tal hábito está tão incutido na mente das pessoas, pela cultura impregnada há tanto tempo, que elas não conseguem enxergar mal algum. É como o caso da iraniana Sakineh, condenada à morte por adultério. Já que no Irã é comum a pena de morte por apedrejamento, comum também é ver muitas pessoas perderem a vida com tamanha crueldade, atitude que passa a ser algo natural, não mais despertando nos acusadores sentimentos de aflição ou compaixão ou culpa. É tudo uma questão cultural, parental. As severas punições físicas sofridas pelos negros, considerados apenas um instrumento de trabalho, eram vistas como naturais. Muito comum também era as mulheres apanharem de seus maridos e manterem-se em silêncio, pois deveriam respeitá-los. Antigamente acreditava-se que a educação na escola deveria acontecer com castigos físicos, então assim a educação acontecia. A palmatória, inicialmente usada pelos jesuítas aos indígenas resistentes à aculturação e estendida aos negros no período da escravidão, foi levada para as escolas brasileiras ao final do século XIX. Comum era os filhos chegarem em casa afirmando terem dado as mãos à palmatória na hora da tabuada. O tempo, que se encarrega das mudanças, da quebra da cultura, por vezes desgraçada, o tempo que aponta novos horizontes e novos caminhos faz romper muitas barreiras. Os negros e as mulheres conquistaram o direito de serem respeitados, de serem iguais a toda a criatura de sua espécie. Nas escolas brasileiras o uso da palmatória foi definitivamente abolido, com a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, embora seu uso ainda seja popular em alguns países orientais. É triste, mas apesar de todo o processo que levou ao fim da punição física nas escolas, a discussão sobre castigos físicos na educação familiar continua. Às crianças o destino pregou uma crueldade maior, pois a permissividade em invadir-lhes a carne dava-se exatamente às pessoas a quem mais amam: seus pais. O hábito veda os olhos das pessoas a ponto de tornarem-nas cegas, insensíveis, desumanas. Ora, se a Educação é tão importante no processo de humanização do ser humano, como humanizar uma pessoa, um ser em formação de caráter e de personalidade, fazendo justamente o que a proibimos de fazer? Não há como diferenciar castigo físico “educativo” de violência. É nato da criança imitar comportamentos que vê. Educar é permitir-se, portanto, ser espelho, é ensinar a andar, é mostrar o caminho, é dar a mão, é amar. Educar é formar, fazer gente. E nesse processo damos a essa gente o fôlego de vida ou de morte. Como afirma T. D. Jakes em seu livro A dama, seu amado e seu Senhor, traduzido por Neyd Siqueira “A criança é herdeira do sucesso ou do sofrimento”. O sofrimento, no entanto, não nos pode determinar o destino. É necessário, muitas vezes, trilhar por caminhos escuros em busca da luz... Um adulto que não cresceu pode inventar outras formas de andar, libertar-se da criança que o esmaga, que o acorrenta, que o maltrata. “Às vezes a gente sofre determinadas coisas porque é a gente que tem que fazer uma nova história.” (Tatiana Cavalcante). É preciso buscar por uma saída, buscar uma nova história. E como fazer uma nova história senão mudando nossa própria forma de pensar, mudando os nossos movimentos ao tecer a própria vida? E nessa busca é preciso, às vezes, romper barreiras. Persistir, romper, romper, persistir! Andreia Cristina Mascarenhas Nascimento Apresentação Muitos são os desafios que as famílias enfrentam num mundo em que o ritmo de mudanças é cada vez maior. Ensinar às crianças a cuidarem de si mesmas, dos outros e do meio ambiente não é tarefa fácil, é necessário ensiná-las de forma prática desde muito cedo o que é a vida. Elas podem e devem aprender a serem responsáveis desde cedo. É difícil estabelecer limites aos filhos. Aos pais, muitas vezes, falta paciência, tempo, experiência. Seria necessária, talvez, uma formação na “profissão de pais e mães” para então poder, como qualquer profissional, exercer esse tão delicado ofício. Não saberemos, talvez nunca, qual é a forma ideal de educar. Seres humanos são únicos, com pensamentos e sentimentos diferentes e, portanto, com ações/reações desiguais também. Foi assim que um dia, movida pela necessidade de compreender o comportamento do meu filho Allec Levi, de 6 anos, e na vontade de educá-lo da melhor forma, mergulhei em um processo de busca por informações e orientações. Foram muitos dias de leituras, de pesquisas, fiz entrevistas com pessoas diversas, foram conversas com gente de toda a parte do mundo. Naveguei em sites que falam da educação de filhos, em comunidades virtuais interagi com muitas pessoas que carregam dentro delas dores e traumas inexplicáveis trazidos da infância, herdados dos castigos físicos. Nessa busca então decidi ir mais além. Desde o início das discussões sobre a mísera “palmada educativa” tinha o desígnio de levar a diversas mães e pais que estão ao meu alcance uma mensagem, refletindo junto com eles sobre uma forma de educar nossos filhos sem dor, sem traumas, Foi com esse pensamento que surgiu o Projeto Mãos e Filhos, que será desenvolvido com pais das escolas municipais, através de palestras, reuniões e outras atividades.

JUSTIFICATIVA

A punição física é uma prática muito utilizada por pais e mães. Tal prática está difundida no meio familiar e tão incorporada que crianças e adolescentes que sofreram com ela chegam a concordar que seja uma prática educativa. O conceito de que é necessário sofrer punições físicas ao passar pelo processo de educação foi herdado e passado, pois, de geração a geração e foi tolerada durante muitos séculos. Tal prática hoje é questionada e polemizada. Após o Estatuto da Criança e do Adolescente e mesmo após o Projeto de lei nº 2654/2003, da Deputada Federal Maria do Rosário, do Rio Grande do Sul e assinado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, no final de 2010, muitos pais ainda não conseguem desprender-se da ideia de bater para educar. Sendo a escola um espaço de convívio social e, considerando as diversas situações vivenciadas pelos profissionais no dia-a-dia, em contato com crianças carentes da educação familiar, percebemos a necessidade de dialogar com os pais e mães sobre o tema, apontando-lhes caminhos para uma educação com amor.

METAS para o ano de 2011

 Apresentar e trabalhar o projeto em 10 escolas públicas municipais;

 Aplicar a pesquisa “Relacionamento entre pais e filhos” a, no mínimo, 500 pessoas.

OBJETIVO GERAL Refletir com os pais sobre os efeitos das punições físicas para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças e analisar o tipo de relação construída entre pais e filhos na atualidade.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  •  Aplicar a pesquisa “Relacionamento entre pais e filhos”
  •  Dialogar com pais e mães formas de disciplinar as crianças e impor limites;
  •  Refletir sobre o poder das mãos e do contato físico na educação dos filhos;
  •  Refletir sobre a Lei das Palmadas;
  •  Perceber a importância da autoridade moral e a interferência negativa da “autoridade física” no ato de educar;
  •  Refletir sobre a influência das experiências positivas e negativas da infância no desenvolvimento da inteligência e no comportamento do ser humano.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 Palestras utilizando slides

 Conversas, entrevistas e pesquisas

 Reuniões e oficinas

 Reflexão através de textos, fotos e Vídeos

 Construção de gráficos

 Encontrão de Pais

ITENS A SEREM DISCUTIDOS

 O que os adultos precisam saber?

 Consequências do início da aceitação da violência em casa como forma de resolver conflitos

 Lei das palmadas: Assunto polêmico entre pais e profissionais;

 Autoridade moral X “Autoridade física”

 Matéria “A construção do cérebro”, publicada na Revista Veja (Editora Abril) - 20 de março de 1996;

 A influência das experiências positivas e negativas da infância no desenvolvimento da inteligência e no comportamento da criança;

 Depoimentos reais de pessoas vítimas de castigos físicos;

 “Dez ideias para os pais levarem em consideração na hora de advertir as crianças:”

Recursos

 Data show  Pesquisa impressa  Cópias de textos  Notebook Avaliação A avaliação dar-se-á através da observação do comportamento das crianças e por meio de instrumentos como: consensograma, pesquisa de satisfação, positivo e delta, entre outros

Referências eletrônicas:

  • https://wwwmeublogmeu.blogspot.com/2010/09/papai-doi-enviado-por-edenilson.html BLO-GRA-MA. blog da MARIA DE FÁTIMA. 
  • Comunidade Pediatria Radical – Tópico: “As várias faces da dor e do medo” Fernanda Salla Revista Mundo Estranho – 09/2010
  •  “Como Educar Meu Filho?” (ed. Publifolha) Rosely Sayão Roselysayao@folhasp.com.br Folha de S. Paulo 
  • Crescer(https://revistacrescer.globo.com) revistacrescer.globo.com/Romanegocios 
  • https://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com/2010/07/lei-das-palmadas-assunto-polemico-entre.html